“A riqueza está mal distribuída”
Pedrito, cantor angolano, foi entrevistado pelo hebdomadário Angolense, este fim-de-semana (23 de Março) e falou dos seus 40 anos de carreira, explicando a sua trajectória artística e as suas opções temáticas, nos diversos contextos políticos que o país viveu, desde o período colonial.
Nesta entrevista Pedrito revela-se um cidadão atento e sensível à questão social. Falando do momento político actual diz que “ainda sentimos dificuldades, somos mal entendidos, por fazermos uso da nossa livre opinião. Nada está escrito mas, na verdade, há uma espécie de autocensura, sem mais nem menos, precisamos de um ambiente transparente”.
Em relação à rota que levará à afirmação do país, Pedrito diz que é necessário abandonar “os antigos métodos”, é preciso uma “transparente gestão dos bens do Estado” e é imperioso que os “rendimentos do Estado beneficiem a vida do cidadão comum”.
Acreditando na cultura como vector de transformação, criou o tema “Humano e Cidadão” e insiste que “precisamos de solidariedade que seja sentida entre nós, angolanos, da cúpula à base”, reconhecendo direitos iguais a todos, “ricos ou pobres”. O caminho é trabalhar “para evitar o cinzento quadro no qual uns conseguem tudo e outros nem podem sonhar com nada – esses são os miseráveis”. Pois, sendo Angola um país rico, “no seu conteúdo humano”, “no seu subsolo, nas suas bonitas paisagens mas tal riqueza deve ser transformada em bem-estar palpável para que todos possamos sentir a consequente satisfação social”.
Pedrito, a terminar, afirmou sem ambiguidades que “a riqueza está sendo mal distribuída” e temos “graves problemas sociais”, nomeadamente “o desemprego que afecta a juventude”. Acrescenta, a título de recado, que o país deve ser bem dirigido, institucionalizando-se a prática da solidariedade entre nós e que “todos dirigentes angolanos devem convencer-se que o Chefe é o Povo” ou, como diria a Constituição da República, “ a soberania reside no Povo”, os governantes são apenas servidores públicos que devem fazer bem o seu serviço e prestar contas ao Povo.
Sem um bom governo e um sentido de serviço público da parte dos dirigentes, “levaremos muito mais tempo para alcançarmos o almejado desenvolvimento”, arremata o cantor que diz que participa através da consciencialização e do alento da esperança aos seus concidadãos.
BD -sic
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