segunda-feira, 28 de abril de 2008

NO ZIMBABUÉ ESTÁ A NOSSA LUTA PELA DEMOCRACIA

(in Libertação Social, nº 85, folha volante da FpD, distribuída em todos os portos de Angola)

Um navio chinês, o An Yue Jiang, tenta encostar a um dos portos de Angola para descarregar armamento para o regime facista do Zimbabué. Robert Mugabe, o ditador de Harare, pretende eternizar-se no poder contra a vontade soberana do povo zimbabueano e quer aumentar a sua capacidade repressiva com esse armamento: 3 milhões de bala de AK 47, 1500 roquetes e 3000 morteiros.
Todos nós sabemos que os resultados eleitorais são desfavoráveis ao regime mas este não permite a sua publicação e, em resposta, mandou prender 5 membros do Comissão Nacional de Eleições, matou – da oposição, prendeu – e feriu – cidadãos por se manifestarem contra esta atitude. No interior do próprio regime há dissidências.
O armamento desse barco não chegou ao Zimbabué porque os estivadores do porto de Durban, na África de Sul, liderados pelo Sindicato Sul-Africanos dos Transportes (SATAWA) recusaram-se a descarregar o navio chinês. Estes trabalhadores sul-africanos, como explicou Randall Howard, secretário-geral do SATAWU, não queriam ser cúmplices da ditadura de Mugabe e da repressão criminosa que leva a cabo contra o seu povo, particularmente depois das recentes eleições no país.
Esta atitude dos trabalhadores do porto de Durban foi depois confirmada por um tribunal sul-africano, instado pelo bispo anglicano Ruben Philips. A pressão da sociedade civil também levou as autoridades namibianas, moçambicanas e zambianas a demarcarem-se desta carga maldita que vem para aumentar o sangue em África. Nenhum governo da região aceitou receber o carregamento de armas para o transmitir a ditador de Harare. Pois a violência no país, consoante os dias vão passando, depois do acto eleitoral, continua a crescer, desde fins de Março, tendo sido feridos 500 cidadãos, detidos 400 e morto dez membros da oposição,
O barco está, desde ontem, a caminho dos portos de Angola. O director do Instituto dos Portos, do nosso país, Filomeno Mendonça, diz que ele não tem autorização para aportar nenhum dos nossos portos. Por outro lado, um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores chinês diz que não tendo sido aceite, o barco vai regressar à China.
Muito bem! Desejamos que assim seja. Mas não podemos deixar de estar vigilantes para não permitirmos que essa carga mortífera seja descarregada num dos nossos portos (principais ou secundários) na calada da noite e em operação relâmpago.
Os trabalhadores de todos os portos angolanos, de Cabinda ao Namibe, devem recusar-se a descarregar as 77 toneladas de material bélico destinado a matar os nossos irmãos no Zimbabué. Seria uma vergonha nacional se os cidadãos zimbabueanos fossem massacrados (como o já foram em outras ocasiões) por armas descarregadas pelas mãos de trabalhadores dos portos angolanos.
Não devemos sujar as mãos com o sangue dos nossos irmãos zimbabueanos. A luta pela Democracia no Zimbabué e em Angola é uma só. Vamos seguir o exemplo dos nossos companheiros sul-africanos e moçambicanos que se recusaram a descarregar esse navio da morte. Os trabalhadores dos portos angolanos devem recusar descarregar esse navio se ele aportar um dos nossos portos e devem denunciar imediatamente tão logo saibam da sua chegada, para que a Frente para a Democracia (FpD) possa agir imediatamente.
Vamos ser solidários com a luta dos cidadãos zimbabueanos porque a sua luta pela Democracia é também a nossa luta. É preciso mantermo-nos firmes perante as manobras dos ditadores porque a razão está do nosso lado e os povos livres em África e no Mundo estão com a nossa luta pela Democracia e pela Justiça Social.
As eleições de Setembro de 2008 podem trazer uma mudança da política nacional e podem representar o inicio da transformação estrutural que o país precisa.
Comecemos por apoiar o povo zimbabueano e os militantes da democracia no Zimbabué.
A mudança será possível se TODOS QUISERMOS, fazendo barreira à ditadura em Harare e em Luanda.
Trabalhadores dos portos ajudem a FRENTE PARA A DEMOCRACIA (FpD) a mudar o país, ajudem o MDC a mudar o Zimbabué.
VIVA O POVO HERÓICO DO ZIMBABUÉ
VIVA A DEMOCRACIA EM ÁFRICA

(in Libertação Social, nº 85, folha volante da FpD, distribuída em todos os portos de Angola)

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